Reconhecido por suas reflexões sobre o poder simbólico e a lógica da prática, Pierre Bourdieu (1930-2002) produziu trabalhos etnológicos pouco conhecidos, seja pelas inflexões da carreira do autor, seja pelo fato de suas experiências na Argélia e na região de Béarn (sudoeste da França) não serem tão difundidas quanto seus estudos mais consagrados sobre o gosto, a educação, a ciência, a política, a arte, dentre outras questões submetidas a seu escrutínio sociológico. Embora não existam traduções integrais de livros como Sociologie d'Algérie (1960), Travail et travailleurs en Algérie (1963) e Le déracinement (1964), alguns textos estão disponíveis em português. A “Casa Cabyle e o mundo às avessas” foi publicado em Cadernos de Campo. Acesse aqui. Destaque-se, sobretudo, o dossiê “Pierre Bourdieu no Campo”, publicado na Revista de Sociologia e Política (nº 26, 2006), que pode ser acessado neste link. O dossiê é composto de um panorama compreensivo de Loïc Wacquant, que busca revelar as raízes etnográficas da empresa teórica de seu grande mestre, e contêm textos de Bourdieu sobre a fotografia, a dominação colonial, a poesia oral na Cabília e sobre celibatários. Consulte-se também artigos que refletem sobre: a significação das experiências de Bourdieu na Argélia, entre 1955-1961, para o desenvolvimento das matrizes teóricas de seu pensamento sociológico (artigo de Gabriel Peters); o interesse precoce de Bourdieu por questões econômicas, como demonstra Marie-France Garcia Parpet em ensaio publicado em Mana; e a reconstituição da contribuição crítica de Bourdieu aos estudos de parentesco, notadamente à questão das trocas matrimoniais e do celibato, procedida por Klass Woortman em artigo da Revista Brasileira de Ciências Sociais.
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October 2020
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