Nascido no ano de 1872, em Épinal, em família judia, Marcel Mauss realizou seus estudos na universidade de Bordeaux, onde seu tio, e mentor intelectual, Émile Durkheim, lecionava. Após finalizar seus estudos em filosofia em 1893, realizou estágios em várias universidades estrangeiras, aprendeu diversas línguas e estudou profundamente as escrituras hindus. Em 1901 assumiu a cátedra de Religiões de povos não-civilizados na École Pratique de Hautes Études. Anos depois, em 1925, fundou, juntamente com Lucien Lévy-Bruhl e Paul Rivet, o Instituto de Etnologia, e foi admitido no Collège de France, em 1931. Conhecido por seus canônicos textos acerca de categorias fundamentais do pensamento antropológico, como as noções de pessoa, corpo, dádiva e reciprocidade, Mauss talvez tenha sido o maior antropólogo a verdadeiramente cultivar o trabalho coletivo. Além de co-assinar textos com Durkheim, Fauconnet, Hertz e Hubert, dentre outros, foi resenhista incansável, dedicou imensos esforços à organização de volumes do Année Sociologique, e editou as produções de toda uma geração de intelectuais franceses, ceifada pela I Guerra Mundial. Marcel Mauss foi decisivo na formação de diversos antropólogos, de Lévi-Strauss a Griaule, de Denise Palmé a Louis Dumont. Faleceu em 1950 em Paris, abalado com os efeitos nefastos de outra guerra. Clique no botão à direita (leia mais) para acessar uma compilação de obras e de ensaios dedicados a Mauss Sociologia e Antropologia São Paulo: Ubu Editora, 2017 [1950]. 576p. Coletânea dos principais textos de Mauss, incluindo os canônicos "Ensaio sobre a dádiva", "As Técnicas Corporais" e "A noção de pessoa, a noção de eu", dentre outros. A famosa introdução de Claude Lévi-Strauss abre o volume. Sofre o sacrifício (com Henri Hubert) São Paulo: Ubu Editora, 2017 [1899]. 144p. Amparado em materiais védicos e judaicos, Mauss e Hubert descrevem os mecanismos rituais e a recorrência de alguns de seus elementos para formular a unidade do conceito de sacrifício. A nação São Paulo: Três Estrelas, 2017. 360p. A tradução da obra inacabada sobre a formação de modernas nações capitalistas baseia-se na edição francesa de 2013 e finalmente vem à lume em português. Ensaios de Sociologia São Paulo: Perspectiva, 1982 [1968]. 512p. Coletânea de ensaios de Mauss, que inclui os textos escritos com Fauconnet ("A sociologia; objeto e método") e com Durkheim ("Algumas formas primitivas de classificação") Nova edição do Ensaio sobre a Dádiva foi traduzida para o inglês e pode ser acessada online. Confira a nota do Editorial a respeito. Outro livro importante é a coletânea de ensaios de autoria de Mauss, compilada na coleção "Grandes Cientistas Sociais", da Editora Ática. Infelizmente essa obra encontra-se esgotada. Entretanto, a apresentação desse volume, por Roberto Cardoso de Oliveira, está assentada no artigo a seguir, publicado há 40 anos. O texto de Roberto Cardoso de Oliveira é faz parte da vasta fortuna crítica sobre Marcel Mauss. Marcos Lanna, um dos maiores estudiosos da obra do antropólogo francês, escreveu, além de artigos (ver aqui), o capítulo sobre Marcel Mauss incluído na coletânea "Os Antropólogos", que também foi objeto de nota do Editorial
Outro autor a tratar de Mauss é Valerio Valeri, cujo texto, escrito originalmente em italiano, foi republicado em inglês recentemente em Hau. Acresce-se à lista a produção de Eric Sabourin, centrada no Ensaio, e de Victor Karady, que assina um compreensivo ensaio sobre a importância de Durkheim, e do grupo do Année Sociologique, na institucionalização da etnologia na França. Consulte-o neste link.
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October 2020
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